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07 mai 2018
Modelo de orgânicos é alternativa para métodos convencionais de produção agrícola
Pedro Paulo Diniz irá apresentar iniciativa da Fazenda da Toca durante IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC)

“Precisamos trocar o paradigma da escassez para o paradigma da abundância”. Com essa afirmação, o empresário e ex-piloto de Fórmula 1, Pedro Paulo Diniz, inicia um debate cada vez mais atual - a produção orgânica e sustentável como alternativa aos métodos tradicionais de produção de alimentos. Adepto de sistemas agroflorestais, ele transformou gradualmente a propriedade da família, a Fazenda da Toca, em um local de produção 100% orgânica e sustentável, que é referência nacional.

A experiência com a fazenda e outros negócios baseados na natureza serão tema da palestra "O compromisso da sociedade brasileira pela biodiversidade e cidadania" que Diniz fará em Florianópolis (SC), durante o IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza entre os dias 31 de julho e 2 de agosto. O tema deste ano, “Futuros Possíveis: Economia e Natureza”, retrata bem a realidade proposta pela Fazenda da Toca. “Precisamos falar sobre a inteligência que está por trás da natureza e mudar o paradigma de que para produzir é preciso lutar contra a natureza, para um paradigma de se associar com a natureza”, explica ele, que defende: "fazer uma parceria com a natureza é muito mais útil para todos".

Com seu trabalho, Pedro Paulo Diniz comprova que a produção de orgânicos como modelo econômico é uma alternativa possível e muito provavelmente seja a solução que torne viável o futuro diante das mudanças que o planeta vem sofrendo nos últimos anos. “Precisamos de sistemas que gerem vida em vez de destruir o meio ambiente”, afirma Diniz.

Fazenda da Toca

O projeto de Pedro Paulo Diniz completa dez anos em 2018 e mostra como a associação com o meio ambiente pode trazer benefícios para quem produz, para quem consome e principalmente para o meio ambiente. Com foco na produção de ovos e polpa de frutas, a Fazenda da Toca é viável e próspera do ponto de vista financeiro, social e ambiental. “Nós vimos que os melhores sistemas produtivos eram aqueles que tentavam se inspirar na natureza. Nesse processo de entender mais sobre o meio ambiente, aprendemos que era importante saber como a natureza opera. Para entrar no fluxo com a natureza e não brigar com ela”, explica Diniz. O proprietário conta que levou para a Fazenda da Toca os conceitos da agrofloresta, que é uma prática recomendada para regeneração do solo.

Nos sistemas agroflorestais (SAFs) é comum associar produções agrícolas e pecuárias com o plantio de sementes e mudas, por exemplo, o que resulta em um conjunto de produção e conservação dos recursos naturais. "Os SAFs acabam por diversificar a produção e auxiliam na estabilidade das produções. Além disso são uma alternativa de auxiliar na conservação dos solos, das microbacias e áreas florestais", analisa Emerson Oliveira, coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário.

Além disso, Diniz também afirma que a biodiversidade é a solução para as pragas, pois a infestação é um desarranjo do sistema, segundo ele. “Com o meio ambiente em equilíbrio, a biodiversidade se encarrega do assunto para que nenhum ser vivo se torne uma praga”, conta.

Planos para o futuro

Os aprendizados colhidos na Fazenda da Toca estão gerando outros modelos de negócio. Diniz conta que, futuramente, o plano é divulgar e ampliar os métodos desenvolvidos para que a produção orgânica se torne cada vez mais acessível. “A Toca se limita a seu espaço, mas a nova empresa que estamos criando amplia nossos horizontes. Nossa meta é ter um milhão de hectares impactados em dez anos”, conta o ex-piloto. Já há um espaço de mil hectares onde haverá um projeto de integração de lavoura, pecuária e floresta, um modelo que impacta o core business brasileiro.

“A gente vive em um paradigma de escassez, mas eu acredito fortemente que a gente  pode mudar isso e mudar a nossa cabeça. Se entrarmos no fluxo do nosso planeta, a gente pode viver no paradigma da abundância”, conclui.

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