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NOTÍCIAS

24 SET 2015
Homem que ‘salvou’ Nova Iorque da crise hídrica indica soluções para São Paulo
Albert Appleton afirma que todos os setores da sociedade precisam atuar juntos; Especialista alerta para os perigos do fracking, técnica de extração de gás que está chegando ao Brasil

“A melhor garantia de água boa é um bom meio ambiente e isso significa usar de forma inteligente os recursos que ele oferece (...)”

O americano Albert Appleton contou como salvou a metrópole Nova Iorque (EUA) da sua crise de abastecimento de água nos anos 90, nesta quarta-feira (23), na oitava edição do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (VIII CBUC), um dos maiores eventos ambientais da América Latina. Durante o evento, que é promovido desde 1997 pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e nesta edição é comemorativo aos 25 anos dessa ONG, o consultor internacional em infraestrutura e meio ambiente falou sobre como mobilizou a sociedade, governo, mídia e pequenos produtores para impedir que as pessoas sofressem com a falta de água.

 

A grande ameaçada à vida na Big Apple na década de 1990 foi por conta da deterioração dos mananciais que abasteciam a cidade, impulsionada pelo crescimento desenfreado da população e da economia que demandava por cada vez mais água. Nova Iorque estava enfrentando várias secas e os reservatórios estavam em menos de 30% de sua capacidade.

 

Na época, Appleton era o responsável pelo Departamento de Proteção Ambiental da cidade e sua missão era conseguir uma solução que agradasse a todos. Uma das lições que aprendeu rapidamente foi a importância de envolver a comunidade. “Para que as pessoas atuem em conjunto com o governo, aderindo às orientações deste, é preciso mostrar que as lideranças estão fazendo a sua parte e não, apenas, exigindo dos outros essa postura”, ressalta Appleton.

 

A partir disso, ele envolveu diversos setores da sociedade – agências do governo, ONGs, proprietários de terra com nascentes dos rios – para que, juntos, chegassem a uma solução. A resposta veio e parecia simples: investir na conservação do meio ambiente. Porém, o diferencial estava em como isso seria feito: redução do desperdício e educação da população; preservação dos ambientes naturais dos mananciais que fornecem água e valorização dos pequenos proprietários que participassem do projeto.

 

O incentivo aos proprietários seria financeiro: eles iriam receber uma premiação em dinheiro por conservar as áreas naturais responsáveis pelo fornecimento do serviço ambiental de produção de água. “A melhor garantia de água boa é um bom meio ambiente e isso significa usar de forma inteligente os recursos que ele oferece, valorizando os atores que são essenciais nesse processo”, explica. Esse foi um dos primeiros casos de sucesso do que atualmente se chama Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). No Brasil, a Fundação Grupo Boticário foi uma das pioneiras em iniciativas de PSA. Desde 2006, a ONG já premiou 230 proprietários protegendo mais de 2700 hectares e 189 nascentes, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Mais de oito milhões de pessoas já foram beneficiadas indiretamente com abastecimento de água pelo Oásis no Brasil.

 

Fracking precisa ser combatido

Em tempos de crise hídrica, uma prática que tem gerado polêmicas antes mesmo de chegar ao Brasil é o fraturamento hidráulico. Conhecida como fracking, ela consiste em inserir uma tubulação no solo por onde é injetado, sob alta pressão, entre sete e 15 milhões de litros de água, além de areia e mais de 600 produtos tóxicos, para liberar o gás de xisto, que tem características semelhantes ao petróleo. Essa prática contamina lençóis freáticos, utiliza grande quantidade de água – que poderia ser destinada a outros fins, esteriliza o solo, tornando-o inútil para a agropecuária; além de poluir o ar com gás metano e poder gerar até mesmo terremotos.

 

Appleton falou brevemente sobre o tema, mas foi enfático: “essa prática muda completamente o meio ambiente onde se instala, desmatando florestas e acabando com os mananciais”. Ele afirmou que essa forma de extração gera muito mais destruição do que benefícios. “Além dessa modificação do ambiente e da poluição, o fracking gera emissão de gases de efeito estufa, como o metano, então qual é o benefício de se gerar uma energia que contribui para o aquecimento global?”, conclui.

 

Para impedir que o fracking chegue a terras brasileiras, a Coalizão NãoFraking Brasil realiza em 04 de outubro, uma ação global para esclarecer sobre os perigos dessa prática. Interessados em participar podem obter mais informações pelo site www.naofrackingbrasil.com.br. A data foi escolhida por ser próxima ao primeiro leilão que a Agência Nacional de Petróleo de Gás Natural (ANP) irá realizar em 07 de outubro para leiloar 266 poços para exploração de gás por fracking.  Dentre eles existem áreas em cima dos Aquíferos Serra Geral e Guarani no Paraná e São Paulo, próximos ao arquipélago de Abrolhos, na Bahia, e na parte sul da floresta amazônica.

 

Importância de compartilhar experiências

Sobre sua participação no VIII CBUC Appleton afirmou que essa “é uma discussão importante em um país que abriga 12% da água doce superficial do mundo”. Além dele, o evento já contou com palestras da ambientalista Marina Silva e do o conservacionista canadense Ryan Hreljac. Ainda participarão do VIII CBUC o cineasta Fernando Meirelles e o responsável pelo Google Maps na América Latina, Tomás Nora. Mais informações sobre a programação dos eventos estão disponíveis em: www.fundacaogrupoboticario.org.br/cbuc.

 

Serviço

Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação

Data: até 25 de setembro

Local: ExpoUnimed – Curitiba (PR)

Mais informações: www.fundacaogrupoboticario.org.br/cbuc.

 

Sobre o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) - O Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação é promovido periodicamente pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. A oitava edição do CBUC acontece de 21 a 25 de setembro de 2015 no ExpoUnimed (PR). Os patrocinadores desta oitava edição são: Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Conservação Internacional do Brasil e Votorantim. A primeira edição do CBUC aconteceu em 1997 em Curitiba (PR); em 2000 foi realizada em Campo Grande (MS); em 2002 em Fortaleza (CE); em 2004 em Curitiba (PR); em 2007 em Foz do Iguaçu (PR); em 2009, aconteceu novamente em Curitiba (PR); e, em 2012 em Natal (RN). Mais de 10 mi pessoas já participaram do evento.

 

 

Equipe de atendimento à imprensa – VIII CBUC

Maria Luiza Campos (marialuiza@nqm.com.br)

(41) 3254-6077 e (41) 9235-3107

Mônica Santanna (monica@nqm.com.br)

(41) 3254-6077 e (41) 9991-9407

Rony Santos (rasantos@fundacaogrupoboticario.org.br)

(41) 9615-9358


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