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02 ago 2018
Conferência realizada no primeiro dia de Congresso do meio ambiente alerta para saúde pública
Pesquisadora canadense, Matilda Van den Bosch, garante que contato com meio ambiente resolveria questões como sedentarismo, estresse, solidão

 

Na manhã desta terça-feira (31), a Conferência Conservação da Natureza e Saúde Pública, realizada dentro da programação do IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, abordou a importância do contato dos seres humanos com áreas verdes para a melhoria da saúde dos cidadãos. A palestra foi apresentada pela pesquisadora sueca Matilda Van den Bosch e mediada por Teresa Magro, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

 

Ela deu início à apresentação falando que questões relacionadas ao meio ambiente precisam estar mais presentes nos assuntos acadêmicos da área médica: "infelizmente, durante minha formação em medicina, nunca ouvi falar em meio ambiente. O que é um grande equívoco, afinal, conservando a natureza e promovendo um maior contato das pessoas com as áreas verdes, podemos melhorar a saúde do planeta".

 

Durante a explanação, Matilda apresentou diversos estudos que demonstram a importância da interação das pessoas com o meio ambiente, pois, segunda ela, se isso não estiver interconectado, existirão ainda mais problemas de saúde globais. "Em 2014, o desafio era combater as doenças infecciosas. As previsões para 2030 dão conta que os esforços estarão voltados aos transtornos de depressão e outras doenças mentais", revelou.

 

Tal contexto pode mudar, dependendo da maneira que as pessoas vivem e interagem com o meio ambiente: "precisamos reduzir e combater esses fatores de risco, como sedentarismo, estresse, solidão, privação socioeconômica e as mudanças climáticas, que contribuem de forma negativa sobre todos esses itens".

 

Estudos comprovam a importância da nossa relação com a natureza

 

Uma pesquisa coordenada por Matilda em 2013 mostrou que o contato das pessoas com a natureza ajuda a recuperar quadros de estresse. "Notamos que o problema é muito maior na área urbana que na área rural", destacou. Um grupo de estudiosos alemães foi a fundo nessa linha de pesquisa e descobriu que o sistema límbico das pessoas que moravam em cidades estava mais vulnerável aos transtornos de humor e ao desenvolvimento de outras doenças mentais, como a depressão. Ou seja, segundo a pesquisadora a urbanização global contribui para o aumento do problema.

 


Por outro lado, o contato com o meio ambiente diminui a incidência de pensamentos negativos e preocupações, pois essa atividade atua diretamente nas partes emocionais do cérebro, como o córtex pré-frontal. "Como disse Voltaire, ainda no século 18, a função da medicina era distrair o paciente enquanto a natureza fazia seu serviço", citou a especialista.

 


No entanto, o aquecimento global e a poluição atmosférica se colocam como grandes inimigos de todo esse movimento, pois, se a mudança climática continuar no ritmo que está, não será mais possível fazer exercícios ao ar livre. Salvador e cidades do Oriente Médio foram utilizadas como exemplos de locais que ficarão inviáveis para a prática de atividades físicas. "Podemos nos adaptar a um aumento de temperatura, mas até um certo ponto. Sempre há um limite humano", disse.

 


Antes de finalizar a Conferência, Matilda Van den Bosch fez um alerta: "Está mais do que na hora de tomarmos atitudes, envolvendo urbanistas, gestores públicos, especialistas em meio ambiente e diversos outros atores, para combater esses problemas. Precisamos de mais colaboração para salvar as pessoas e o planeta".

 


*Matilda é doutora em medicina, planejamento paisagístico e saúde pública, mora atualmente no Canadá e trabalha para inúmeras entidades internacionais ligadas à saúde e ao meio ambiente, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP), a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e o Departamento de Mudanças Climáticas e Inovação do Canadá. Além disso, é editora associada da Urban Forestry & Urban Greening e co-editora do livro didático de Natureza e Saúde Pública da Oxford University Press, publicado no início de 2018.

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